#15 - Antes do Fluido, o Silêncio


Antes do tempo saber que era tempo, antes do espaço saber que era espaço; antes do vácuo, da luz e da vibração, havia apenas Deus.

Não o deus moldado à imagem dos homens, mas a Consciência sem fronteiras, a Vontade que não teve começo, a Presença que sustenta todos os lugares sem ocupar lugar algum e que jamais deixará de ser.

Dele não emana um raio, mas a própria ideia e sentido da luz. Dele não vibra um som, mas o próprio princípio de toda vibração. Deus não surgiu, é. Não se move, move tudo. Não precisa ser visto, pois é aquilo que torna tudo visível.

Do seio dessa Vontade Perfeita, desse ser que é causa e amor, brotou, em sopro silencioso, o espírito: centelha da inteligência, fagulha da liberdade, gérmen da imortalidade.

Voz nascente do pensamento, o espírito não tem forma, mas traz em si o destino de todas as formas. É o caminhante, o aprendiz, o artífice da própria eternidade; criado simples e ignorante, chamado a construir mundos dentro e fora de si. Traz em si o chamado das estrelas, pois foi criado para amar, e todo amor, cedo ou tarde, se faz luz.

Mas o Espírito não age no vácuo. Como expressar-se sem corpo? Como criar sem instrumento? Como transformar sem meio? Então, por desdobramento da Vontade Suprema, como se Deus respirasse no silêncio, fluiu do pensamento divino o Fluido Cósmico Universal: não o espírito, não a matéria grosseira, mas a argila sagrada. Matéria em estado puro, etérea, maleável, obediente.

Nele não há inteligência, mas sim a possibilidade e a potencialidade infinita; ele não pensa, mas responde ao pensamento do espírito. É o pano invisível da Criação, o campo onde ideias se tornam forma e a vontade se torna gesto. O Fluido é meio, ponte, cenário, corpo, sopro e imagem. Com ele, o Espírito molda, plasma e direciona: cria atmosferas, forma mundos, constrói corpos, gera experiências e segue amando, pois amar é a verdadeira forma de transformar a matéria.

Daí nasceram os sóis, os átomos, os ventos e as almas em flor. Mas antes do primeiro átomo, antes da gravidade, antes do som, havia o espírito; e antes, Deus.

Sempre Ele: o ponto sem começo, o silêncio que canta, o centro que sustenta tudo e não está em parte alguma.

E Deus continua, não à frente nem atrás, mas no fundo de tudo. A origem que não começa. A certeza que não precisa ser provada. A luz que acende sem precisar de fonte, pois no coração da existência não há caos, nem acaso, nem vazio, nem ausência.

Há Amor.
Amor que pensa.
Amor que cria.
Amor que educa.
Amor que sustenta.
Amor que espera.
E nós somos feitos desse Amor.

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