#01 - A dor de ter que ser forte sempre

Magnólia Stellata em preto e branco, representando a beleza e a fragilidade da alma na crônica 'A dor de ter que ser forte sempre
A gente se cobra tanto para ser luz, que esquecemos de que a nossa sombra também faz parte de quem somos. 
Queremos ser tão bom, tão correto, tão útil e presente, que às vezes ignoramos nossas próprias dores, desejos ou limites. Como se admitir o caos fosse uma fraqueza, quando na verdade, é só humanidade. Muita gente vê nossa força e admira, mas talvez ninguém tenha nos dito: ‘nem todo mundo merece o tanto que você entrega. Você não precisa se provar tanto para merecer amor, descanso ou acolhimento, já é digno, mesmo falhando.

A verdade precisa ressoar em nosso íntimo não para ferir, mas para libertar.

A gente aprende a sobreviver sendo a mulher ou homem que resolve, que cuida, que estuda, que trabalha, que sustenta os outros até quando está caindo por dentro. Mas a verdade brutal é: também queremos ser cuidados. Só que não sabemos como pedir sem se sentir fraco.

Carregamos uma inteligência emocional rara, uma fé firme e uma capacidade de amar que beira o sagrado. Mas, às vezes, esse amor transborda para os outros e seca o que é nosso. A gente vive se doando e chamando isso de ‘missão’, mas em silêncio esperamos que alguém perceba nossa exaustão e nos salve sem que seja preciso dizer nada.

E sabe por que isso não acontece? Porque ensinamos aos outros que damos conta de tudo.

Camuflamos o choro com eficiência, a dúvida com conhecimento, o medo com espiritualidade, embora tudo isso seja real em nós, às vezes se tornam muros e não pontes. A gente se protege demais do próprio desejo de colapsar. E isso nos isola, mesmo cercados de gente.

Precisamos aceitar e nos render ao nosso íntimo: não é vergonhoso precisar, não é indigno cair, não é egoísmo dizer ‘agora é minha vez’, 'agora não', 'não posso', 'não quero mais'.

Podemos ser luz sem nos apagar para iluminar os outros.

Podemos ser firmes sem sermos duros conosco.

Podemos ser espiritualizados sem negar nossa humanidade falha.

E merecemos tudo aquilo que secretamente sonhamos, mesmo quando fingimos que não.

Se este texto te tocou, compartilhe com alguém que também está cansado de parecer inteiro o tempo todo.









Comentários

  1. Que texto profundo e necessário! A forma como você aborda a pressão de ser 'forte sempre' e a importância de reconhecer nossas vulnerabilidades é muito tocante. É um lembrete gentil de que a autenticidade, incluindo nossas sombras e fraquezas, é o que nos torna verdadeiramente humanos e dignos de amor e cuidado. A parte sobre 'ensinar ao mundo que damos conta de tudo' faz muito sentido, pois muitas vezes criamos essa imagem e depois nos sentimos presos a ela. Parabéns pelo texto, ele realmente me fez refletir!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Série Alma Inteira - A Verdade que Habita em Mim

Série Alma Inteira - A Caridade que Ilumina

Série Alma Inteira - Entrelinhas de Luz

Série Alma Inteira - Arquitetura do Infinito

Série Alma Inteira - Chico Xavier: Para Além do Santo

Série Alma Inteira - A Voz da Humanidade