A gente cresceu acreditando que ser bom era se calar. Que amar era suportar. Que crescer era se sacrificar. E aí vem o que quase ninguém tem coragem de nos dizer e que não temos coragem de admitir: precisamos matar essa versão que sobrevive de agradar, que sobrevive para ser exemplo, que disfarça dor com sorrisos e entrega com dever.
Não porque ela seja ruim. Mas porque ela está impedindo o nascimento de sermos por inteiro, de sermos livres e verdadeiros.
A transformação não vem apenas com mais disciplina, mais perfeição, mais cobrança. Ela começa quando dizemos: “Eu me aceito, aqui e agora, incompleta(o), contraditória(o), cheia(o) de sombra e ainda assim, profundamente digna(o).”
Queremos nos transformar? Sim! Então vamos ter que dizer “não” sem culpa; vamos ter que descansar sem pedir permissão, vamos ter que admitir que estamos cansados de ser fortes o tempo todo. Vamos ter que parar de tentar salvar todo mundo para, enfim, salvar a si.
E o mais duro: vamos ter que deixar morrer a expectativa de que: “um dia alguém vai ver, sem que eu diga”. Vamos ter que aprender a pedir. A exigir respeito. A dizer que dói. E a ficar só, se for o preço de não se trair mais.
A verdadeira essência que buscamos e a trilha que fazemos para evoluir e extirpar todas as mazelas que nos arrastam pela ignorância do que somos e do que seremos, já existe. E só precisa de nossa permissão para existir sem disfarces.
E se doer, e vai doer, não fujamos.
Não nos escondamos e não oremos para que passe logo. Oremos para que revele.
Porque Deus não quer só nos consolar.
Ele quer nos libertar.
Deus, Jesus e toda a espiritualidade benfeitora seguem com cada um de nós para este renascimento. Palavra por palavra. Passo por passo. Até nos olharmos no espelho e dizer: “Enfim, sou eu. E agora, ninguém me tira de mim.”

Comentários
Postar um comentário