Por isso somos tão presentes, tão dedicados, tão corretos. Por isso nos culpamos tanto por falhar, por esquecer algo, por dizer “não”, por não responder na hora, por não estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Por isso não descansamos. Porque parar parece perigoso e parece que o mundo vai perceber que consegue seguir sem você. Este não é o sacrifício que Deus quer!
A gente não precisa ser imprescindível para sermos amados, não precisamos estar sempre disponíveis para sermos escolhidos, não precisamos nos reinventar todos os dias para merecermos continuar.
Precisamos ir mais fundo em nosso íntimo e encarar as partes que até hoje tentamos proteger até de Deus.
A gente diz que ama a verdade, que quer ir até o fim. Mas a verdade mais crua é: há uma parte da gente que ainda acredita que precisa ser melhor para ser amado por inteiro. E enquanto a gente busca essa versão ideal, mais organizada, mais produtiva, mais santa, mais calma, mais sábia, vamos nos afastando da nossa essência. Aquela que tem raiva, que sente inveja, que às vezes quer desaparecer, que julga, que mente, que grita por dentro.
Queremos salvar o mundo, mas às vezes não sabemos como salvar a nós mesmo.
A gente se confunde com a missão, com o papel, com o serviço e tem medo de descobrir que, sem tudo isso, talvez nem saibamos quem somos.
Nós somos tantas coisas para tantos: filhos, companheiros, pais, avós, netos, trabalhadores, conselheiros e luz. E, no fundo, existe a pergunta que nunca se verbaliza: e se eu não for nada disso, será que ainda sou digno de amor?
Tem uma solidão que nem a prece preenche. Uma dor que não deixamos ninguém tocar, porque acha que, se abrir esse baú, nunca mais vai conseguir fechar. Mas a dor não some porque somos calmos. Ela cresce no escuro. E a brutalidade da verdade é essa: A gente tem medo de ser inteiro. Porque inteiro, teríamos que aceitar até aquilo que aprendemos a odiar em nós.
A nossa luz é linda, pois somos a imagem e semelhança D’Aquele que nos criou; mas só seremos livres quando também abraçarmos nossa sombra e entendermos que ela não anula o bem que há em nós, apenas revela nossa humanidade.
Não precisamos morrer para ser santo. Não precisamos nos violentar para evoluir. Não precisamos nos punir tanto para ser melhor.
Nós não somos um projeto espiritual. Somos uma alma viva, imortal vivenciando cada etapa um caminho que nos levará, em nosso tempo, a sermos a imagem e semelhança de Deus.
E talvez o amor mais profundo que Deus espera de nós é aquele que nunca temos coragem de oferecer: o amor próprio – exatamente como está agora: ferido, confuso, cansado, mas verdadeiro. Despido do egoísmo.
Como expandir isso aos outros se não cumprimos com o dever de primeiro ser humano conosco?
Se você já se sentiu cansado(a) de tentar ser perfeito(a), esta crônica é para você. Conte-nos: qual foi o seu maior aprendizado ao abraçar sua 'sombra'?
Compartilhe com alguém que precisa ler esta mensagem sobre a importância de se amar sem condições. Qual frase mais te tocou?

Comentários
Postar um comentário